quinta-feira, 23 de agosto de 2007



Chico Buarque - Funeral de um Lavrador

Esta cova em que estás Com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho
Nem largo nem fundo
É a parte que te cabe
Deste latifúndio Não é cova grande
cova medida É a terra que querias
Ver dividida
É uma cova grande
Para teu pouco defunto
s estarás mais ancho
Que estava no mundo
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe
Deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estava no mundo
Mas a terra dada
Não se abre a boca
É uma cova grande
Pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo
Te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas terra dada não se abre a boca.

É fácil terminar com o MST, deve ser feita apenas uma reforma agrária séria e de qualidade.
Não é justo em um país com tanta terra, milhares de trabalhadores não terem onde plantar.

Muitas pessoas deginem a imagem do trabalhador sem terra, os chamam de desocupados, vagabundos, ladrões. Será que vagabundo é capaz de ficar anos em baixo de uma lona e não cansar de carregar o peso da bandeira?

Cotas, algo para se pensar, discutir e entender que é importante

Artigo publicado no jornal Diário de Santa Maria
Cotas na UFSM
ANTONIO VOLMIR DOS SANTOS/ Policial militar

Senhor Davidson Alba, eu não tenho toda sua capacidade de raciocínio, nem tampouco a cultura que o senhor deve ter adquirido ao longo dos anos. Mas como um cidadão igual ao senhor, posso expressar minhas discordâncias sobre suas opiniões publicadas em artigo sobre as cotas na UFSM no dia 31 de julho. O Cepe não menosprezou empenho de nenhum estudante, pois foi uma decisão, até onde eu sei, pública e com representantes de vários segmentos da UFSM. Já dizer que o vestibular é a forma mais justa de entrar no Ensino Superior, para você deve ter sido. Mas chamar a maioria do povo brasileiro de "queridinhos", acho que até tens um pouco de razão, pois, por várias décadas, os negros, os pobres e os índios não eram tratados assim. Pois citaste em todo o seu texto somente os negros, e esqueceste que 20% das vagas são para oriundos do ensino público e, nesses, muitos brancos serão beneficiados, mais 5% aos índios. Caro senhor, conta bancária não responde questão de vestibular realmente, mas que o conhecimento chega com mais facilidade, não tens como discordar e isso é uma verdade notória. Quanto à igualdade social buscada pelos cotistas, não vejo nada demais. Se o senhor tivesse hoje um colega em seu curso, fosse ele cotista e tivesse um aproveitamento superior ao seu, o que não seria impossível segundo pesquisas, poderia haver ainda discriminação, mas não seria de capacidade intelectual, o que ocorre hoje, pois muitos não têm essa oportunidade de provar sua capacidade.Não sei de que família o senhor advém, mas posso garantir quase que com 100% de chances de não estar errado que seus pais tiveram de alavancar seus estudos e que tinham condições para isso. Hoje é assim, dos milhares de colegas seus aí na UFSM, nos diversos cursos, carentes de verdade, são muito poucos. Desculpe minha ignorância, mas é o que vejo quando vou à UFSM. Negros aí na UFSM? São raros. Será que somos - ah, não havia dito ainda que sou negro - tão desprovidos de inteligência e de capacidade assim? Não creio nessa possibilidade. Já ouvi várias opiniões sobre as cotas e vejo que esse é um assunto infinito, pois envolve um dos maiores problemas de nossa sociedade, a inclusão social, e muitos negros que conheço têm opiniões contrárias também às cotas.Fico com a opinião de um professor da UFSM, que disse que se é para ser discriminado, melhor que seja em um degrau a mais. Em 10 anos, isso tudo pode ser mudado, mas quem sabe até lá muitos dos filhos de cotistas de hoje não poderão freqüentar cursinhos pré-vestibulares e escolas mais qualificadas? Quem sabe?

Cotas, uma medida de inclusão social.
Mais negros e mais pobres nas Universidades Públicas