terça-feira, 28 de abril de 2009

Ontem, começou mais um ano de atividades no Práxis. Embora tenhamos vários problemas, esse projeto sempre me motiva a participar, a colaborar e dar o melhor. Para mim, o Práxis é algo magnífico, pois podemos a prender e ajudar pessoas a tentarem uma vaga na Universidade. Lá, posso ver sonhos, sentimentos, angústias e, principalmente a força de vontade de muitos jovens e adultos. Sei de como era antes de conhecer esse projeto e como sou hoje. No quarto andar do prédio de apoio da UFSM vivi e, ainda, vivo excelentes momentos. Entre discussões, conversas, trabalho, garra surgem possibilidades de um outro mundo possível, de uma sociedade mais justa e que o ingresso ao ensino superior não seja algo restrito a ricos e brancos brasileiros.

Praxianos, sejam bem vindos e sucesso.

domingo, 19 de abril de 2009

Tento, mas parece impossível atualizar o blog. Aulas, Práxis, Movimento Estudantil, família, namoro, amigos. Isso toma o meu tempo. Quando chego em casa, sempre algo para fazer. Ler email, Orkut, estudar, trabalhos, apostilas. É a vida, mas pretendo me esforçar para atualizar este espaço.
Esse é um ano decisivo, pré-formatura, estou estudando mais do que nunca. Mas o que venho falar aqui não é sobre a minha vida, sim sobre alguns acontecimentos em Santa Maria.
Não nasci em Santa Maria, mas gosto daqui e considero-me um santa-mariense. Sempre achei, apesar de grande, uma cidade tranqüila. Saía a noite, voltava de madrugada. Nunca vi assalta e nada parecido. Eis que minha opinião muda drasticamente. Minha prima que mora no mesmo prédio que eu teve o seu apartamento invadido por um ladrão no mês passado. Na mesma noite um amigo foi espancado na rua e não assaltado, simplesmente espancado. Alguns dias depois, outro amigo foi espancado, também não foi assaltado, só espancado. Pelas características os ataques partiram do mesmo grupo. Sou de mais duas vítimas. Sexta, minha prima foi novamente atacada, dessa vez assaltada na rua. Foi de maneira cruel arrastada pelos ladrões na rua. Isso mostra a insegurança de Santa Maria. Esta cidade aos poucos está fazendo com que eu goste menos.
Espero mudar de opinião logo.

O perfume da vizinha

Pedro, estudante, 21 anos mora sozinho em um apartamento no centro de São Paulo. Como tem uma vida bastante agitada entre faculdade, estágio, movimento estudantil e namoro (sim, ele namora, arrumou uma namorada que gostasse de quase todas as coisas que ele) ele nunca soube bem quem são os seu vizinhos. Nunca participou de reunião de condomínio. As vezes encontra algum morador no elevador. Mas uma coisa ele tem certeza. No andar de baixo do seu, mora uma mulher, embora ele nunca tenha visto. Nem roupas no varal ele conseguiu enxergar para confirmar. Mas ele tem certeza, é uma mulher.
Ele sabe que é uma mulher pelo cheiro, usa um perfume adocicado, que da sua casa ele sente aquele odor que lhe tira a concentração, o sono e desperta-lhe os mais belos desejo. Ele a quer, mesmo sem saber se é morena, loira, baixa, alta, gorda ou magra. Ele a quer, quer sentir e se deliciar com o cheiro do seu perfume. Cheiro que ele não sabe bem do que é, mas adocicado.
Já chegou a pensar que o cheiro era de um incenso, já que era forte. Um dia, Pedro entrou no elevador sentiu uma sensação estranha, porém deliciosa, o cheiro estava no ambiente. Ele não queria mais sair daquele elevador, era algo que o dominava. Então, percebeu que realmente se tratava do cheiro de um perfume. Saiu e perguntou para o porteiro se alguém tinha passado por ali antes dele, o funcionário lhe disse que a moradora do 201 recém tinha decido. Teve a certeza. Agora só precisava conhecer pessoalmente a vizinha que possuía o melhor cheiro do mundo, assim que ele pensava, “o melhor cheiro do mundo”. Retornou ao elevador. Mentiu para o porteiro que tinha esquecido um trabalho, na verdade queria voltar para sentir o cheiro que o estava dominando. Subiu até o último andar e voltou ao térreo três vezes. Até que percebeu que estava atrasado para a prova. Saiu correndo, o ônibus já tinha partido. E agora o que fazer? Pegou o próximo, chegou atrasado na universidade e o professor não o deixou fazer a prova. Pensou, refletiu e concluiu que tinha valido a pena perder a prova, pois tinha tido a oportunidade de sentir o cheiro da vizinha por mais uns minutos. O melhor cheiro do mundo.
Voltou para casa, nunca voltar para o lugar onde morava tinha sido motivo de tanta euforia para Pedro como nos últimos dias. Lá ele poderia sentir sempre o cheiro. Entrou na sala da sua casa e o seu celular estava tocando. Era Luiz, seu colega:
- Pedro você não virá para a reunião da gestão?
- Estou com muita dor de cabeça. Pedro mentiu. Nunca tinha faltado uma reunião do movimento estudantil. Na verdade não era dor de cabeça, Pedro tinha esquecido. Tudo no mesmo dia, perdeu o ônibus, com isso a prova. E depois esqueceu da reunião. Notou que sua vida estava mudando, o perfume da vizinha estava transformando a sua rotina. Tudo valia à pena, já que era o melhor perfume do mundo.
Pedro deitou-se para ler, escolheu Crime e Castigo, de Dostoievski. Era a primeira vez que lia o autor russo. Porém, não consegui concentrar-se na leitura. Estava sentindo falta do cheiro. O odor tinha desaparecido. Com isso, Pedro sentiu-se incomodado, como se fosse uma espécie de crise de abstinência. Queria sentir aquele cheiro, o cheiro que não conseguia decifrar do que era, só sabia que era o cheiro do perfume da vizinha. O melhor do mundo.
Passou-se algumas horas, até que o esperado voltou. Sentiu, Pedro, do seu quarto o cheiro que tanto esperava. Sensação de alívio, parecia algo melhor do que beber água após horas de caminhada ao sol. Estava realizado. Camila, a sua namorada chegou. Beijou-o. Sentiu que estava ocorrendo algo diferente com o seu namorado. Perguntou se ele estava bem, Pedro respondeu que estava com uma enorme dor de cabeça, não podia contar para a sua amada que estava apaixonado não pela vizinha, sim pelo cheiro do seu perfume.
Pedro e Camila assistiram tevê, namoraram e foram dormi, porém a transa daquela noite não foi como as outras, Pedro parecia perturbado. Camila o indagou, porém não conseguiu descobrir o que se passava com o seu amado. No outro dia, Camila foi para a sua aula de natação, Pedro ficou em casa, queixando-se novamente de dor na cabeça. Levantou-se e foi tomar café, na cozinha sentiu o cheiro. Foi uma sensação tão boa, que chegou a ser melhor que orgasmo da noite anterior. Com isso, o apaixonado pelo odor do perfume resolveu tomar uma decisão, terminaria o seu namoro e se declararia para a vizinha. Essa seria a mais difícil decisão tomada por Pedro.
No outro dia, Pedro chamou Camila e explicou tudo. Terminou o relacionamento que existia há quatro anos. Camila arrasada, não entendeu como o seu namorado tinha se apaixonado por outra pessoa em tão pouco tempo. Ele explicou que não estava apaixonado pela vizinha, era o perfume o encantava. Camila, mais braba ficou. Pedro desceu as escadas, nervoso, tocou a campainha. Ela atendeu. Era uma jovem que aparentava ter uns 25 anos. Estava perfumada. Pedro explicou o motivo da visita e se declarou. Ficou confuso, não sabia se declarava-se para a moça ou para o cheiro do perfume. Foi nisso, que ela começou a dar risada. Sentiu-se lisonjeada. E informou que foi uma pena isso acontecer só agora, pois ela estava indo passar um ano em Amsterdã. Pegaria o voo em poucas horas. Pedro quase desmaiou. Foi para casa, chorou, gritou, quebrou um cinzeiro. Jogado no chão lembrou-se que tinha todas as suas economias guardadas. Todo o dinheiro que juntou recebendo mesada do seu pai. Assim, decidiu arrumar, rápido, uma mala. Só com roupas e objetos necessários. Foi para o Aeroporto e comprou uma passagem para a Holanda. Abandonou o estágio, a faculdade. Largou tudo no Brasil e rumou à Europa. Em busca do perfume da vizinha. O perfume adocicado. O melhor perfume do mundo.