segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Vestibular

            Santa Maria não tem praia, nem é uma cidade turística. O máximo que possui nessa área é turismo religioso-católico, no mês de novembro, devido à romaria da Medianeira. Entretanto, esse é um mês em que a cidade se movimenta, nem que seja por uma semana, mas hotéis, pousadas, camping etc. lotam, é o vestibular da UFSM.

Todos os anos, quase sempre em janeiro, Santa Maria recebe milhares de jovens de todo o Brasil, pois estes vêm até à cidade da boca do monte para prestar concurso a uma das mais importantes instituições de ensino superior do país. Todos almejam uma vaga no ensino superior. Eis um dos problemas do nosso país, a falta de vagas nas universidades públicas.

Fazem, no mínimo, 6 anos que vivo os momentos do vestibular nessa cidade, pois quando não fiz as provas, tive até o último dia como educador dando força aos meus alunos. É extremamente frustrante ver um aluno que estudou, se dedicou não conseguir a sonhada vaga. Da mesma maneira que costumo dizer que vaga na UFSM tem- ou tinha-  cor e classe, já que a maioria dos aprovados eram brancos e pertenciam às classes média ou alta, ela não usa o melhor método de seleção. Isso porque ainda
opta em seu vestibular por questões de pouca interpretação e raciocínio e utiliza mais a famosa “decoreba”.
O ideal é que todos as pessoas que terminassem o ensino médio, tivessem a sua vaga, entretanto isso não ocorre, permite, assim, que as vagas no listão fiquem com os melhores preparados. Quem são os melhores preparados no Brasil? Certamente, a maioria que freqüentou boas escolas e um bom pré-vestibular. Como ficam as pessoas que trabalham, sustentam casas e tiveram um ensino precário?! A maioria longe dos bancos da universidade.

O Governo Federal melhorou muito a democratização ao ensino superior, foram criadas mais universidades, mais vagas e cursos nas já existentes e o Proune. Também, a maioria das instituições públicas já adotam o sistema de políticas afirmativas, permitindo que afro-descendentes, indígenas e estudantes oriundos de escolas públicas tenham chances parecidas com oriundos de escoas privadas. Porém, ainda falta muito para atingirmos a meta de 100% das pessoas que concluíram o ensino médio no ensino superior. O correto seria o acesso universal às universidades como já ocorre em outros países da América latina como Uruguai e Cuba. Sempre escuto dizerem “Guilherme, sempre iremos necessitar de garis, frentistas, faxineiras”. Ok, sei disso, mas essas pessoas não podem ter a chance de estudar? Essas profissões são menos dignas do que as outras?! Boris Casoy segue essa linha, mas eu não. Não acho justo a faxineira do meu prédio receber muito menos que o meu pai, sendo que tanto ela quanto ele não possuem curso superior, mas meu pai teve sorte e competência de passar em um concurso público, mas será que ele trabalha mais do que ela?! Ele trabalha muito, mas ela e como a maioria dos brasileiros também.

Enquanto isso não ocorre, recado de sorte e sucesso a todos que foram meus alunos, a todos de que de alguma forma pude contribuir para a concretização desse sonho.

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