terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Capitães da Areia", de Jorge Amado

           Já fazem algumas semanas que li Capitães da Areia, do mestre baiano Jorge Amado. Das obras que li desse autor, sem dúvida, essa é a melhor. Sempre escutei algumas pessoas, seres alienados, dizerem que Jorge Amado só escreveu sobre as putas da Bahia, What??? Se todos os escritores escrevessem sobre “as putas da Bahia”, teríamos uma outra ABL, muito melhor.
            Jorge Amado, em Capitães da Areia, descreve e narra com extrema maestria a vida de crianças órfãs da Bahia. É uma descrição incrível, fruto de muito talento e trabalho, pois o escritor baiano foi morar com essas crianças abandonadas durante um tempo, por isso a riqueza dos detalhes. É uma obra antiga, cuja primeira publicação foi em 1937, infelizmente o tema continua atual.
            Através do enredo que conta a história de Pedro Bala, Sem Pernas, Professor, entre outros, Jorge Amado cria uma narração de uma Bahia contraditória, de uma cidade bela, entretanto com problemas fruto de sua colonização. Há uma crítica explícita à igreja católica, assim como aos governantes e policiais da época, pois recriminam e condenam pobres, enquanto ricos desfrutam dos paraísos. As crianças da trama não têm escolhas, quando não há oportunidades, resta-lhes o crime como único meio de sobrevivência. Os sentimentos das personagens se confundem com amor, afeto, sexo e carinho. Pois uma mesma mulher pode servir de mãe como, também, de amante, é o universo de quem não é amado.
            Cada menino morador do trapiche tem uma história triste, entretanto a vontade de fazerem justiça e igualdade os move e molda a personalidade de cada abandonado. Então, fica a dica, uma bela obra, há um incrível engajamento. É encontrada em qualquer biblioteca, sebo. Aos que gostam de ebooks, também é possível encontrar aqui. Quem preferir comprar, sugiro a nova edição publicada pela Companhia das Letras, pois já está atualizada de acordo com a nova reforma ortográfica.  

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