Na terça que passou, fui a São Sepé. Não fui até a cidade de apenas 23 mil habitantes para visitar parentes ou amigos, apenas fui para levar um atestado médico da minha mãe. É impressionante, nada muda naquele lugar, ou melhor, muda sim, entretanto para pior. São Sepé é a segunda cidade do Rio Grande do Sul com maior índice de usuários de crak proporcionalmente. Nisso vejo a falta de políticas públicas eficientes para a juventude. Ainda, é gritante o número de jovens que saem da cidade para buscar estudo e emprego em outra localidade. Também, é uma das cidades do RS com maior número de suicídio entre adolescentes. Por que isso? Como uma cidade pequena pode gerar tanta violência. Repito, falta políticas públicas eficientes para a juventude local. Falta oportunidade de emprego para as pessoas, falta perspectivas e qualidade de vida ao povo sepeense. Falta o poder público local acreditar e dar oportunidades aos jovens que lá moram, fazer com quem lá habita, sinta-se bem. Infelizmente isso não ocorre. O povo já teve chances de mudar, em várias eleições foram apresentadas alternativas, entretanto as eleições sempre ficam polarizadas entre dois partidos “caciques” daquela localidade. Quando apresentávamos uma alternativa coerente e capaz de mudar realmente a cidade, os nossos candidatos do PT eram ridicularizados e alvo de deboches de grande parte da população. Estes preferiam as cestas básicas e os remédios doados no período eleitoral tanto por líderes do PP quanto do PDT.
Vivi durante 18 anos em São Sepé , hoje vou muito pouco lá. Sinceramente, odeio aquela localidade (cada vez que afirmo isso, a úlcera do meu pai aumenta significamente), isso é pesado? Até é, mas é verdade. Tudo bem que lá há pessoas que eu gosto muito, 60% da minha personalidade foi formada lá, pois 18 anos vividos num local é uma vida. Mas, realmente, odeio. Sempre que piso em solo da cidade do fogo de chão já sinto o odor dos estercos de cavalo que tingem as ruas centrais diariamente. Nada de calçamentos novos, linhas de ônibus municipal praticamente inexistem. E o pior, a violência assustando na medida em que aumenta diariamente. Já acreditei mais em São Sepé , mas quando escuto relatos de pessoas que lá moram me desiludo – pior, ainda, quando tenho relatos de seres assim como eu buscam outras cidades para serem felizes- daí é difícil de acreditar que algo possa mudar.
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