sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Desabafo de um sepeense

            Na terça que passou, fui a São Sepé. Não fui até a cidade de apenas 23 mil habitantes para visitar parentes ou amigos, apenas fui para levar um atestado médico da minha mãe. É impressionante, nada muda naquele lugar, ou melhor, muda sim, entretanto para pior. São Sepé é a segunda cidade do Rio Grande do Sul com maior índice de usuários de crak proporcionalmente. Nisso vejo a falta de políticas públicas eficientes para a juventude. Ainda, é gritante o número de jovens que saem da cidade para buscar estudo e emprego em outra localidade. Também, é uma das cidades do RS com maior número de suicídio entre adolescentes. Por que isso? Como uma cidade pequena pode gerar tanta violência. Repito, falta políticas públicas eficientes para a juventude local. Falta oportunidade de emprego para as pessoas, falta perspectivas e qualidade de vida ao povo sepeense. Falta o poder público local acreditar e dar oportunidades aos jovens que lá moram, fazer com quem lá habita, sinta-se bem. Infelizmente isso não ocorre. O povo já teve chances de mudar, em várias eleições foram apresentadas alternativas, entretanto as eleições sempre ficam polarizadas entre dois partidos “caciques” daquela localidade. Quando apresentávamos uma alternativa coerente e capaz de mudar realmente a cidade, os nossos candidatos do PT eram ridicularizados e alvo de deboches de grande parte da população. Estes preferiam as cestas básicas e os remédios doados no período eleitoral tanto por líderes do PP quanto do PDT.

            Vivi durante 18 anos em São Sepé, hoje vou muito pouco lá. Sinceramente, odeio aquela localidade (cada vez que afirmo isso, a úlcera do meu pai aumenta significamente), isso é pesado? Até é, mas é verdade. Tudo bem que lá há pessoas que eu gosto muito, 60% da minha personalidade foi formada lá, pois 18 anos vividos num local é uma vida. Mas, realmente, odeio. Sempre que piso em solo da cidade do fogo de chão já sinto o odor dos estercos de cavalo que tingem as ruas centrais diariamente. Nada de calçamentos novos, linhas de ônibus municipal praticamente inexistem. E o pior, a violência assustando na medida em que aumenta diariamente. Já acreditei mais em São Sepé, mas quando escuto relatos de pessoas que lá moram me desiludo – pior, ainda, quando tenho relatos de seres assim como eu buscam outras cidades para serem felizes- daí é difícil de acreditar que algo possa mudar. 

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